ESTUDANDO A PALAVRA

ESTUDANDO A PALAVRA

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

ESTUDOS NO CREDO DOS APÓSTOLOS

ENTENDENDO O CREDO APOSTÓLICO.
com
João Ricardo Ferreira de França.[1]
jrcalvino9@gmail.com /jrcalvino9@hotmail.com
jrcalvino9@yahoo.com.br

Boa noite a todos, nós estamos mais uma vez aqui para estudarmos este tão precioso credo, e estamos agora abordando o segundo aspecto doutrinário do credo, ou seja, estamos lidando com: Deus, Filho e a nossa redenção. O nosso último encontro foi salutar, pois, aprendemos sobre a primazia de Cristo no credo. E hoje vamos trabalhar um aspecto que julgo de capital importância para cada um de nós que estamos aqui nesta noite, vejo que muitos tomam nota do que falo, isso é bom, todavia, gostaria que cada um pensasse comigo sobre o que vamos estudar apartir deste momento.
Iremos de fato avaliar o terceiro artigo do credo. Que diz: “Creio em Jesus Cristo[...] o qual foi concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria...” Quando leio estas palavras fico pensando sobre que tema daria a esta aula de hoje? Seria o ato magno do Espírito Santo? Seria um bom tema para explorarmos nesta aula, todavia, isso seria cometer uma incongruência tamanha, pois, aqui se enuncia o aspeto teológico de Deus, o Filho; então, penso que o tema, não menos valoroso do que o que acabei de especular, seria de fato:
O GRANDE MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO.
Pois bem, este é o tema de nosso estudo desta noite. A doutrina da encarnação sumiu de nossos púlpitos, onde ela está? Por onde anda? Até mesmo em Igrejas confessionais tal doutrina não recebe a devida atenção; estaríamos prontos a vasculhar o credo e procurar nesta doutrina as dracmas perdidas da Igreja? Alguns, têm sugerido que tal doutrina, a encarnação, serve apenas para os círculos acadêmicos. É verdade que muitos de nós aqui pode até pensar desta forma, todavia, não deveria ser visto por este prisma. A encarnação é a doutrina da Igreja – no sentido mais prático do termo – e não pode ser relegada o mero intelectualismo árido que marca o nosso tempo.
O credo quando é recitado na Igreja fala-nos disso de forma muito clara, e precisamos compreender isso da forma mais prática e vivencial possível, este tem sido o meu grande desafio ao ministrar-lhes estas singelas aulas.
O nosso símbolo de fé diz “Creio em Jesus Cristo[...] o qual foi concebido por Obra do Espírito Santo nasceu da virgem Maria...” estas palavras me deixam perplexo, pois, nos comunicam algo mais do que os melhores livros poderiam fazê-lo; estas palavras nos falam que Deus decidiu tornar-se um homem! A Segunda Pessoa da Trindade, Deus, o Filho foi “Concebido”! Nossa! Isso é elevado de mais para cada um de nós aqui nesta noite. Mas é a fé da Igreja e não pode ser negligenciada. Deus veio até os homens em forma humana. Isso é importante para todos nós que somos salvos, sem a encarnação não haveria a possibilidade de redenção.
O credo diz que a Igreja crê na realidade histórica da encarnação. Por que digo isso? Bem, porque muitos têm dito que não existe tal milagre! Vejamos o que podemos aprender sobre tais palavras com muita parcimônia.
A primeira questão que desejo chamar a sua atenção no credo é a expressão: “o qual foi concebido...” a palavra chave para toda a nossa abordagem está aqui “concebido” o termo grego pode ser traduzido por “gerado”, isso nos lembra a afirmação de calcedônia em 451 d.C – “gerado, não feito” – a idéia que o credo nos passa é que Cristo não veio ao mundo por ato criativo de Deus, o que de fato o colocaria na função de criatura de Deus! Gerar é algo mais profundo do que criar.
O que está envolvido aqui diletos irmãos em Cristo? Quando o credo usa o termo “concebido” está nos dizendo que Cristo tinha a mesma natureza do Pai. Reiteremos este assunto porque possui uma capital importância para cada um de nós. A negação deste principio basilar leva-nos para uma linha de uma cristologia truncada, anti-cristã e anti-filosófica.
A encarnação tornou-se possível devido ao papel ativo do Espírito Santo; isso é demonstrado em nosso credo que diz “...foi concebido por obra do Espírito Santo...” quando olhamos para esta declaração nos perguntamos, o que significam estas palavras? Estas palavras significam que O Espírito Santo esteve santificando o ventre da virgem para que esta pudesse receber o Filho de Deus. A obra do Espírito estava vinculado ao fato de que a concepção de Cristo deveria ser basicamente erigida sobre este princípio imperecível. O ventre de Maria deveria ser santificado para que a corrupção do gênero humano não passe para o redentor.
Qual era a função do Espírito Santo neste grande evento da encarnação? Um grande erudito nos diz que a função do Espírito Santo era “conservar a santidade e a impecabilidade daquele que estava para nascer”[2]; estamos de acordo com isso? Sim. Pois a evidência bíblica nos inclina para isto conforme Lucas 1.35.
A obra santificadora do Espírito sobre o ventre da virgem era de notável necessidade uma vez que todos (homens e mulheres) nascemos corrompidos conforme nos ensina o santo apóstolo em Romanos 5.12, era preciso que a doutrina da encarnação preconizada em Gênesis 3.15 encontrasse espaço mediante a ação do Espírito Santo – o descendente prometido deveria vir ao mundo para redimir, ser salvador e só poderia fazê-lo tendo uma natureza livre do pecado.
Isso nos leva para outra verdade ensinada no credo “o qual foi concebido por obra do Espírito Santo nasceu da virgem Maria...”esta declaração do símbolo de fé deixa-me perplexo! Ele nasceu... Cristo veio ao mundo. Deus era uma criança nos colos de uma mortal! Aqui se retrata a profunda humilhação de nosso redentor. Ele nasceu de uma mulher.
Isso era necessário? A resposta deve ser positiva, pois, vemos no nascimento de Cristo o cumprimento de Gênesis 3.15. Ele era o segundo Adão que nos fala o apóstolo em Romanos 5. Ele tinha que ser humano perfeito. A doutrina enunciada aqui nos conduz para a compreensão da solidariedade da raça humana. Cristo partilhou de nossa natureza, ele recebeu uma natureza humana verdadeira – herdada de Maria – todavia, com diz Calvino, uma natureza “viciada a tantas misérias”[3] a humilhação de Cristo está aqui clara diante de nós. O credo confessa isso. Ele se humanizou, e vestiu os trapos de nossa carne. ( Fp. 2.5-11)
O nascimento virginal de Cristo mais a ação soberana do Espírito Santo mostra a novidade da historia redentiva que Deus estava executando. O seu Filho estava vindo ao mundo para redimir o seu povo. O Seu Filho Santo veio habitar com os pecadores.
Note algo fundamental no credo. Não diz que ele veio ser depositado no ventre da virgem! Ele veio nascer. Ele nasceu, o seu nascimento foi natural – não foi algo magistral, foi simples, todavia, foi milagroso, pois, uma virgem gerou o Filho de Deus; aqui ecoa a realização do dito profético de Isaías 7.14 como boas-novas aos pecadores.
Quando o credo diz que ele “nasceu da virgem” se tem em mente mostrar que ele [Cristo] tomou para si uma alma humana verdadeira e que tinha um corpo real verdadeiro tangível ao toque humano Jo. 20.27-28. A Bíblia está repleta desta verdade que não pode ser negada.
Aprendemos pelas Escrituras que ele se “encarnou” conforme lemos em João 1.14; ele habitou entre nós. Já dissemos em outra ocasião que o verbo habitou aqui nesta passagem indica que “Deus tabernaculou”, armou a sua tenda em nosso meio. Ou seja, o nascimento do Filho Deus era a manifestação plena do dito profético que diz “seu nome será Emanuel” que quer dizer “Deus conosco”! Este deve ser o entendimento desta questão da encarnação.
A Bíblia ensina que Cristo tinha uma alma humana verdadeira vemos isso em Mateus 26.38, uma alma que poderia ser marcada pela tristeza; pela angústia de morte! Este é o ponto em questão, ele era homem pleno em sua constituição e negá-lo seria ir contra toda a evidência Bíblica.
Em nossas leituras bíblicas também aprendemos que Cristo de fato nasceu da virgem conforme nos ensina o credo que recitamos dominicalmente, a Bíblia diz que ele nasceu desta virgem que o credo apresenta o nome “Maria” Lucas 1.27,21,42.
Mas o credo está também focalizado na realidade de que o nascimento de Cristo vindo por uma virgem era de fato a inauguração de novo momento na história da redenção dos homens conforme aprendemos em Galátas 4.4 – na plenitude dos tempos – isso indica que o nascimento de Cristo inaugura o fim de uma era marcada pelo pecado e inaugura uma nova época. Ele é a concretização da esperança escatológica do período veterotestamentário. Então, Maria não está em cena neste aspecto de forma alheia a vontade de Deus, mas está exatamente para fazer cumprir o propósito de Deus para a redenção da humanidade que é restaurada em Cristo.
Cabe então, uma pergunta: Maria é co-redentora? Não. Ele não é redentora, mas é redimida pela ação de Deus. Ela crer em seu salvador – bastar ler o seu cântico no Evangelho de Lucas - o que este aspecto do credo sumariza para cada um de nós nesta noite é que Cristo tinha de fato uma natureza humana herdada de sua genitora. Todavia, ela gera a pessoa do redentor que é Deus e homem.
A encarnação de Cristo e sua geração no ventre da virgem nos aponta para a realidade da humanidade perfeita – perfeita? – Sim! Porque Cristo é sem pecado, ou melhor, concebido sem pecado. Isso não quer dizer que a relação marital seria pecado, especialmente neste caso aqui, mas significa que o efeito do ato miraculoso do nascimento virginal chama atenção para a mensagem redentiva de Deus ao homem. A sua concepção no ventre da virgem nos alude a questão de que formos feitos para sermos perfeitos, mas o pecado mudou tudo isso! É no ventre de Maria que pecado começa a ser tratado como deveria ser encarado, ou seja, como algo que corrompe todos os propósitos divinos, por isso, para a resolução do problema chamado de pecado é necessário uma intervenção divina – por isso, temos a menção ao Espírito Santo no credo – o Espírito Santo possibilita a chegada de Cristo ao mundo dos mortais.
Mas, é bom que se diga que o credo está rejeitando a noção gnóstica, conforme já temos abordado, pois, a realidade da encarnação é que Cristo sendo Deus veio até nós pecadores. Isso nos leva a entender que a matéria não é má conforme era ensinado pelos gnósticos. O propósito de tudo é a glória de Deus neste assunto. Deus é glorificado no simples fato de que o seu Filho Jesus Cristo assume a nossa natureza para puder satisfazer a justiça eterna de Deus.
Que lições aprendemos aqui?

1 – Aprendemos que o pecado é algo sério: Cristo vem e se faz homem porque o pecado corrompeu toda a raça humana, e apenas um homem perfeito poderia de fato satisfazer a ira de Deus, por isso, devemos odiar o pecado pois ele corrompe tudo o que deveria ser perfeito.

2. Aprendemos que a humildade é singular no cristianismo: O próprio Cristo nos ensina isso de forma evidente, ele sendo o Senhor do universo, criador de todas as coisas no cosmos decide vestir-se da carne humana. É uma grande lição para cada um de nós aqui. O nosso Deus veio habitar entre nós! Isso exige e nós humildade.

3. Aprendemos que temos esperança: A encarnação de Cristo nos ensina que há uma esperança fundamental na vida da Igreja, é o fato de que a humanidade perfeita foi apresentada a Deus por nosso redentor, isso nos dá esperança de que tudo o que hoje somos – com dor, lágrimas, perdas gritantes e morte – é nada diante da nova era inaugurada pelo Redentor! Temos a certeza de que a nossa humanidade está segura porque o nosso Deus veio e se fez homem e cumpriu as exigências da lei em nosso lugar.
[1] O Autor é membro da Igreja Presbiteriana do Brasil. É fundador e atualmente lidera a Congregação Presbiteriana da Sagrada Herança Reformada em Prazeres – Jaboatão dos Guararapes.
[2] FERGUSON, Sinclair B. O Espírito Santo, São Paulo: Os Puritanos, 1 edição, 2000, p.50.
[3] CALVINO, João. The Gospel according to John, Edingurgo: St. Andrew Press,1959, p.20.

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João Ricardo Ferreira de França.[1]
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Estamos mais uma vez aqui para estudarmos o credo apostólico. No nosso último encontro abordamos o primeiro artigo do nosso credo apostólico, que digo com toda a paixão do mundo que ele é o meu credo preferido, não que os outros não tenham a sua importância porque na verdade eles têm; mas porque este credo representa – com muita proximidade – o que os cristãos primitivos acreditavam.
A nossa aula de hoje abordará o segundo artigo do nosso credo que é “Creio[...] em Jesus Cristo se único Filho, o nosso Senhor...” Sempre que leio esta expressão singular do nosso credo fico pensando como a Igreja o negligencia com tanta facilidade que fico literalmente irritado; diletos irmãos estamos aqui nesta noite para entender o que o credo tem a nos ensinar neste segundo artigo, espero que Deus nos ajude a fazê-lo.
A PRIMAZIA DE CRISTO NO CREDO.
Penso que este seja o tema mais adequado para tratarmos deste artigo do nosso credo. Quero mais uma vez chamar a sua atenção para o fato de que o credo não confessa apenas a identidade de crença da Igreja na Pessoa do Pai, ou seja, não é apenas crer em Deus Pai, mas também temos aqui a fé sendo destinada ao seu autor e consumador – A Segunda Pessoa da Trindade – Deus, o Filho.
Por que digo isso? Bem, deixe-me lhe explicar. A fé genuína expressa no credo não pode ser dirigida a um ídolo, jamais o ídolo deve receber a elevação dos nossos corações (Sursum Corda litúrgico), seríamos reputados como idólatras se assim fizéssemos; logo de imediato aprendemos neste segundo artigo que o objeto de nossa fé não pode ser um ídolo, mas também, não pode ser uma criatura, pois, seria usurpar a glória de Deus!
Os primeiros cristãos diziam “Creio em Jesus Cristo nosso Senhor” isto não lhe deixa chocado!? Pois, a Igreja primitiva rejeitava a noção ariana[2], o povo do pacto seguindo a palavra de Deus, e, entendendo que Deus era o único objeto de sua fé não hesitou em dizer que exercia fé também na Pessoa de Jesus Cristo. A conseqüência lógica disso era que Jesus é Deus! Ter confiança em uma criatura sempre foi visto como uma blasfêmia contra Deus, logo, a Igreja ao invocar, orar e confiar em Jesus Cristo estava de fato chamando-o de seu Deus.
Então, quando recitamos no credo que “Creio em Jesus Cristo seu único filho nosso Senhor” estamos dizendo ao mundo que aquele Cristo da cruz que padeceu ali, não foi um mero homem, mortal limitado, mas foi o próprio Deus que estava na cruz. Essa era a crença comum da Igreja. Espero que isso tenha ficado em vossas mentes.
Pois bem, agora desejo chamar a sua atenção para uma acusação que geralmente é feita contra a recitação do credo, a acusação é a seguinte: “Não vou recitar o credo, porque ele só fala de dogmas que não envolvem a soteriologia (doutrina da salvação) não vejo, dizem eles, no credo nada que trate da salvação”.
Bem, tal acusação é infundada e revela que quem a formula não leu o credo quando diz “[creio...] na remissão dos pecados, ressurreição do corpo e na vida eterna” pois aqui está de fato a doutrina da redenção de forma clara; em um momento propício trataremos disso.
Mas também tal acusação revela o desconhecimento claro da teologia que o credo expõe, é público e notório de todos aqui que o credo está dividido em três partes principais: 1. De Deus, Pai e nossa Criação; 2. De Deus, o Filho e nossa redenção; 3. De Deus, o Espírito Santo e nossa santificação. Estas três verdades estão presentes no credo. Então, a acusação é infundada! Deixe-me lhe mostrar isso de maneira mais detalhada.
Observem o que o artigo que estamos analisando nos diz: “[creio...] Jesus Cristo...”. O nome Jesus não apenas indica a identidade existencial de Cristo, mas indica também a sua função; Lucas (1.21) nos informa que o filho que nasceria de Maria deveria chamar-se Jesus note o que eu disse: “deveria chamar-se”; não foi dado o direito dos pais do menino escolher o nome, mas o nome foi dado por Deus; isto nos revela algumas verdades:
1. Que o nome dado ao filho que estava sendo gerado aponta para um ato da graça de Deus.
2. Que tal nome traz Deus até nós de forma graciosa, amorosa e singular! Não é qualquer nome, é o nome que Deus, o Pai escolheu para dar ao seu Filho.
Por que o menino deveria chamar-se de Jesus? Deus não deixa ao encargo dos homens explicarem a decisão dEle, mas o próprio soberano do universo nos diz que ele se chamará assim porque “ele salvará o seu povo dos pecados deles” a doutrina da expiação limitada não encontra sua justificativa em outro lugar a não ser no significado do nome do Cristo da Cruz. Ele não salva o mundo – ele salva o povo que lhe pertence – os seus eleitos – e assim o seu nome sempre será lembrado.
Esta verdade é confirmada por várias passagens das Escrituras. Entre as quais encontramos Atos 4.12, ali nós encontramos o fato de que não existe nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual devemos ser salvos. Este é o ponto. Ele é salvador, pois, o seu nome significa – Deus é nossa salvação! Ou seja, o próprio Deus em Jesus nos salva de nossos pecados e misérias.
Mas, o credo não termina expondo a significação do nome Jesus; ele também o designa de “Cristo” – “Eu creio em Jesus Cristo[...]”. Quero lembrá-los que pessoas há dizendo e supondo que o nome “Cristo” refere-se ao sobrenome de Jesus –isso é um ledo engano! O nome “Cristo” descreve a função mediatória de Jesus; ou seja, o nome “Cristo” está vinculado a sua função de mediador.
O termo “Cristo” é profundamente escatológico, pois, significa “Messias ou Ungido” apontando para o fato de que Jesus é o Messias de Deus prometido para a redenção do povo do pacto.
A implicação disso é que no momento do culto ao recitarmos o credo estamos de fato dizendo que Cristo é o nosso redentor! Ele é o Messias esperado (Jo.4.25,26). A própria consciência que Jesus tinha de que era o Messias é profundamente evidente no Novo Testamento Lc. 4.17-21 é uma citação de Isaías 61.1,2; e, em Mt. 12.17-21 é uma citação de Isaías 42.1-4.
Então, quando lemos no credo tal verdade estamos diante da realidade de que um evento escatológico que havia se manifestado nos tempos neotestamentários, ou seja, o redentor prometido veio! E, assim, podemos dizer com todas as letras “Eu creio em Jesus, o Cristo...” sendo que desta forma nós percebemos que o credo é supremamente soteriológico (apresenta-nos a doutrina da salvação ao homem) e, por isso, devemos recitá-lo dominicalmente em nossas reuniões litúrgicas porque mostra ao mundo que o nosso Deus em Cristo nos tem trazido a redenção para o nosso corpo e a nossa alma!
Diletos irmãos, o credo continua nos dizendo que como Igreja Católica ( no sentido da Igreja que está em todos os lugares ) nós não apenas cremos em “Jesus Cristo”, mas indica também que cremos que ele é o único Filho de Deus. No Domingo – Dia do Senhor – nós recitamos “[Creio em...] Jesus Cristo seu único Filho...” Alguns aqui nesta noite poderão dizer: “Mas os pais da Igreja sempre chamaram seus paroquianos de filhos de Deus, mas no credo diz que apenas Jesus é o “único Filho de Deus”, como entender isso?” Esta é uma boa pergunta!
Queridos estamos diante de uma grande doutrina cristológica. Vemos aqui uma concepção profunda da cristologia primitiva da Igreja! Percebemos que Cristo não é o Filho de Deus nos mesmos termos que somos filhos, isso requer de nós alguma consideração.
Somos filhos de Deus por meio de uma doutrina chamada adoção[3], fomos adotados por Deus em sua família por meio de Cristo, este é o ensino claro das passagens bíblicas em Efésios 1.5; Gálatas.4.4,5; Romanos.8.17; todavia, o credo diz que Cristo é o “único Filho de Deus”, o termo grego que o credo utiliza é o “monogenês” este termo é usado para descrever que Cristo é “unigênito”, ou seja, ele possui a mesma natureza do Pai! Quando o credo diz que “Creio em Jesus Cristo seu único Filho” está reafirmando a divindade de Cristo! Ele tem a mesma natureza do Pai. Ele é Deus e por isso deve ser adorado e objeto de fé da Igreja. Ele é o cabeça da Igreja como diz Paulo, isso porque ele é o “unigênito do Pai”(Jo.1.14-18). Apenas Ele tem essa natureza partilhada com Pai, temos aqui a plena certeza de que a Igreja primitiva ensinava isso de forma evidente – que Cristo é Deus.
Quero ressaltar que o termo grego “monogenês” significa ‘único’ , ‘sem igual’, ‘único do seu tipo’ ele expressa de fato a manifestação da divindade em Jesus. Por que isso? A resposta está em João 1.18 – para revelar o Pai – no grego nós temos – exêgésato – “que significa levar para fora, explicar, relatar os fatos” era usado para dar a explicação acurada dos segredos divinos. Ou seja, Cristo é a perfeita exegese de Deus. Olhe bem! Veja o que dizemos quando falamos “Creio em Jesus Cristo seu único Filho...” estamos afirmando que toda a verdade que temos sobre Deus provém da maior revelação dEle mesmo - o seu Filho Jesus Cristo! Isso me deixa pensativo e reflexivo, pois, Deus quis se mostrar a nós pecadores na Pessoa bendita de seu Filho.
Ainda temos algo a considerar no credo. O credo ainda nos afirma algo bastante negligenciado em nossos dias. Ele diz [Creio em...] Jesus Cristo seu único Filho, nosso Senhor...”
Cristo é de fato Senhor da Igreja? E por que a Igreja não obedece a sua palavra? Por que negligencia este principio basilar do credo? A Igreja, ao recitar o credo, reconhece que não é independente, que não é livre, mas que é serva! Ela serve ao Senhor Jesus Cristo, então, quando não obedece a Cristo ela está se condenando quando recita o credo!
Temos uma Igreja em nossos dias que só fala de Cristo como salvador, mas nós como Igreja de Cristo, somos salvos também pelo senhorio de Cristo. Precisamos resgatar essa doutrina dentro de nossas Igrejas. Essa é uma tarefa de cada um de vocês aqui nesta noite, repensar e reafirmar uma redenção pelo Senhorio de Cristo!
Veja como nós tratamos o Domingo! Desprazamos dia de Cristo, fazemos os nossos interesses neste dia que pertence somente a ele. E o que dizer do culto prestado a Cristo? Somos negligentes para com o culto. E os sacramentos? Como consideramos eles? Rejeitamos, não zelamos por eles. E a evangelização? Temos cumprido o ide de Cristo? Não! E ainda temos a ousadia de dizer no culto público “creio em Jesus Cristo seu único filho, nosso Senhor...”
Queridos precisamos deixar de sermos hipócritas! Precisamos resgatar a doutrina da soberania de Cristo como nosso Senhor, pois, quando dizemos que Ele é o nosso Senhor estamos de fato reconhecendo sua Soberania sobre cada um de nós.
Vocês já leram na Bíblia alguma passagem que fale de Cristo como Salvador sem associá-lo a seu Senhorio? Não. Eu nunca li tal coisa! Veja o livro de Atos 2.21 “...todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo...”; antes de ser meu salvador Cristo é meu senhor esta era a crença da Igreja primeva. Ainda veja Atos 2.36 “...Deus o fez Senhor e Cristo...”, e ainda, temos atos 16.31 – “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa”. veja também as cartas paulinas como elas são introduzidas: “Paulo servo de Cristo” no grego temos a expressão “doûlos” que significa “escravo” de Cristo. Mas, ele também relaciona o senhorio com a redenção manifestada por Cristo. Em Romanos 10.9 “...confessares Jesus como Senhor...serás salvo”, notaram que primeiro existe uma resignação de reconhecer Jesus como “kyrios” – Senhor – antes de vê-lo como “Sôter” – Salvador!? O Novo Testamento não nos autoriza a fazermos tal dicotomia, e quem somos nós para fazê-lo? Uma salvação que não implica em obediência a Cristo, esta deve ser de fato questionada!
Cristo é o Senhor da Igreja. Mas isso implica em mais que obediência devida a Cristo, implica também que Ele preserva e defende a Igreja.
Onde está a segurança da Igreja? Está em Cristo! Cristo é o Senhor da Igreja. Ele não é apenas servido pela Igreja, mas ele defende a Igreja, luta por ela, intercede pela Igreja.
Então, quando recitamos que cremos que Cristo é “nosso Senhor” estamos dizendo que não estamos abandonados neste mundo! Que temos um Deus nos céus que é por nós! E ninguém poderá vencer a Igreja de Cristo. Ele é Senhor, ou seja, nós temos a certeza da providência de Deus sobre a nossa vida, pois, o nosso Senhor habita nos céus cuidando e zelando por cada membro de sua Igreja.
A doutrina do Senhorio de Cristo nos traz paz e conforto ao coração. Um senhor providencia tudo o que é necessário para os seus súditos. E de igual modo o faz Cristo, ele nos deu pastores para nos pastorearem – isso é o reflexo do senhorio de Cristo sobre a Igreja – Ef.4.11; e, também, concede o seu Espírito para nos guiar a toda verdade – Jo.16.13.
A providência nos mostra que Cristo continua sendo Senhor. Então, quando nos reunimos no Domingo a noite estamos dizendo: “Creio...que Cristo é meu Senhor, e por isso, devo obedecê-lo, mas que ele me ama, cuida de mim e derrota todos os inimigos da Igreja”.
No credo estamos dizendo ao mundo que temos um defensor. Um guerreiro real que está disposto a defender a Igreja contra os ataques do mundo e de Satanás. Aqui está a fé da Igreja diante de cada um nós. Bem o que fazer depois de compreendermos tudo isso? Que aplicações podemos fazer deste artigo do credo? Deixe-me dizer-lhes:

1. Devemos abandonar toda e qualquer concepção que não faça de Cristo o objeto de nossa fé – pois, implicitamente se estar negando a divindade de Jesus Cristo. Ele deve ser visto como objeto de nossa Fé isso porque Ele é de Fato Deus “Eu Creio em Jesus Cristo...”
2. Rejeite todo ensino que não apresenta Jesus como redentor de um povo específico – os eleitos – ou seja, rejeite a expiação universal ou universalismo, pois tal ensino contradiz o significado do nome de nosso redentor.
3. Viva na perspectiva escatológica apresentada no nome “Cristo” , pois, ele indica de forma clara que o Messias já veio e realizou uma expiação definitiva e eficaz para os eleitos de Deus, então, viva nesta perspectiva de que de fato você tem um redentor! De que você foi perdoado eficazmente em Cristo e por Cristo!
4. Viva sempre a perceber que a obra da redenção só foi possível por que Jesus é o “Único Filho de Deus” no sentido pleno do termo – Ele é Deus e por isso pôde de fato realizar uma tão poderosa redenção, pois, ele tem a mesma natureza do pai – se você desprezar isso estará perdido de forma clara.
5. E por último assuma um compromisso de aceitar a Cristo como seu Senhor. Entendendo que você deve obedecer-lhe nos mínimos detalhes, e compreender que o Senhorio de Cristo revela sua soberania e o seu cuidado para com a sua vida – jamais esqueça disso!

[1] O Autor é membro da Igreja Presbiteriana do Brasil. É fundador e atualmente lidera a Congregação Presbiteriana da Sagrada Herança Reformada em Prazeres – Jaboatão dos Guararapes.
[2] Ário foi um presbítero da Igreja que negava a divindade de Cristo dizendo que Jesus Cristo era a primeira criatura de Deus , isto no IV-V século d.C – este ensino foi absorvido pela seita Testemunhas de Jeová.
[3] Veja-se a Confissão de Fé de Westminster capítulo 12

ESTUDANDO O CREDO APOSTÓLICO.

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João Ricardo Ferreira de França.[1]
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Um dos grandes dilemas enfrentado pela Igreja Cristã da pós-modernidade está no fato de que a mesma não tem mais paradigmas para seguir e observar.
A ausência de um credo dentro da igreja nos dias de hoje nos deixa tão vulneráveis a toda sorte de doutrina e heresia; os ventos de doutrinas mencionadas pelo apóstolo (Ef.4.14) é uma temática em nossos dias, daí surge uma necessidade de se confessar a nossa fé. Por isso, há uma profunda busca pela confessionalidade em nossos dias.
Nesta aula nós vamos iniciar transcrevendo os doze artigos de fé que temos diante de nós; estes artigos sumarizam tudo o que cremos como Igreja ao longo destes curtíssimos 21 séculos de igreja neotestamentária. Friso isso porque em nossos dias o credo apostólico é tão esquecido em nossa geração que não se fala sobre ele nas igrejas, não se há um doutrinamento acurado dele nas reuniões de instrução nas igrejas protestantes no geral.
O que é o credo? É uma forma individualizada na qual afirmamos aquilo que cremos; pode-se ser chamado como conjunto de doutrina particular de alguém. Isso é deveras importante para nós. As doutrinas fundamentais do cristianismo se encontram neste precioso credo antigo. Então, vamos à exposição do primeiro artigo do credo.
A SOBERANIA DE DEUS E SUA PARTENIDADE DESCRITA NO CREDO.
O nosso credo começa com a seguinte afirmação grandiosa: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso criador dos céus e da terra;...”
Estas palavras me deixam preocupado, não com as verdades que aqui se encontram, mas pela ausência destas verdades nos púlpitos das igrejas atuais; Deus não é visto nos termos descritos no credo apostólico! O que houve com a nossa geração? Parece que ela perdeu todo o senso de quem é Deus; e, assim, caiu no total abandono de tudo que se expressa nestas palavras.
O que estas palavras nos ensinam de forma muito clara? Esta pergunta deve ser respondida da forma clara e simples possível. Aqui se enuncia a fé do homem em um objeto superior a ele. A realidade da fé é inegável para o homem.
Quando a Igreja Antiga confessava “Eu creio...” estava muito claro de que era uma igreja de pessoas que crêem. Antes de tudo precisamos crer. Fé é o imperativo singular na vida cristã.
O credo só possui razão de existência por causa da fé. Fé é confeccionada no credo! “Eu creio nisso, mas não creio naquilo” esta confecção não é apenas o sistematizar da fé, mas a revelação clara da mesma. O conjunto de doutrinas expressa a fé que professamos ter. E nesse sentido a fé é uma expressão verdadeira da igreja.
No que se crer no credo? “... em Deus...” Vocês já pensaram sobre isso? A fé não é vazia de conteúdo! Note-a segue uma direção, esta direção é Deus. Quando lemos e confessamos “Creio em Deus” o pressuposto por trás disso é “revelação”! Deus se revelou a mim no tempo e na história – nas obras da criação – a fé sempre tem a “Revelação de Deus” para se fundamentar, então, uma vez solapada a revelação de Deus se destrói a base da fé, e assim, somos jogados ao desespero! Isso porque não temos objeto de fé.
Fé aqui não é um salto desesperado em algo, mas em um ser pessoal – Deus! Precisamos levar em consideração que a fé é plantada em nós por Deus, sua revelação é necessária para isso.
Mas como Deus nos é apresentado no credo? Ele é apresentado como “Pai”; no credo nós lemos “Creio em Deus Pai...” Note que Ele não é mais um desses deuses de barro, que não expressa seu amor e seu cuidado. Nenhuma divindade é chamada de “Pai” com tanta propriedade como o é o Deus da Igreja!
Deus deve ser visto como Pai porque ele nos criou. O seu direito de paternidade está vinculado ao seu direito de criação. Antes de ser visto como Criador ele deve ser visto como pai. Que cuida, que zela e que ama.
Ora, se Deus deve ser visto como Pai, o pressuposto por trás disso é que nós somos seus filhos. Filhos pressupõem obediência ao Pai. Mas não fazemos isso. É triste, mas sempre estamos dispostos a negligenciar toda a revelação de Deus em nome de alguma coisa que nos proporciona lucratividade na vida.
A paternidade de Deus nos leva até a sua providência. O seu cuidado sobre cada um de nós; ele está sempre nos dirigindo, ele está sempre escolhendo o melhor caminho para a nossa vida; esse cuidado providencial é um forte indicador que de fato estamos, de forma bastante clara, nos cuidados de um Pai amoroso; então, a igreja quando confessa crer em Deus como Pai ela entende que ele a ama.
Então, você nunca deveria pensar que Deus não lhe ama. O nosso credo o chama de Pai é seu dever confiar no amor dEle. Negligenciar este princípio é professar uma fé vacilante! O que estou querendo dizer é que quando, no culto público, você recita “Eu Creio em Deus Pai...” na verdade você está dizendo: “Eu creio em Deus Pai que me ama, que cuida de mim”. Isso deve encher os nossos corações da mais terna gratidão! Isto não lhe deixa comovido como faz comigo? Deus que é Pai nos ama! Isso por si só é suficiente para continuarmos a vida cristã.
O credo não termina nestes termos. Ele confessa que crer em “Deus Pai Todo-Poderoso”. O que está incluído aqui? Aqui se nota a questão da soberania de Deus. Isto nos leva para o governo absoluto de Deus sobre todas as coisas. Ele, e somente ele pode de fato realizar o que quer, e o que deseja. Os céus e terra cumprem suas ordens.
A idéia fundamental de soberania pertence exclusivamente ao teísmo, pois, se há um Deus ele deve ser Todo-Poderoso. O texto de Apocalipse(1.8) nos informa exatamente esta realidade. Não há quem se atreva a negar esse atributo de Deus – todo o poder - , pois, seria ir contra toda a evidência que nos cerca.(Salmos 62.11;18.13-15;89.6; Daniel 4.35)
Há um Deus soberano no Universo e que o nosso “livre-arbítrio” nada é diante do Deus Todo-Poderoso. Na verdade toda a nossa vida está escrita em suas mãos, e todos os nossos dias foram planejados por Ele, o que isso significa? Bem, significa que é um mito pensar que somos livres! É um erro pesar que temos uma liberdade, não nós não temos tal liberdade, pois, nossa vida é a vida que Deus planejou.
Isso exclui nossa responsabilidade? Não. Deus continua sendo o Deus Todo-Poderoso que nos deu sua imagem, e esta imagem nos torna responsáveis diante do grande Rei do Universo, e nós somos seus súditos e devemos fazer a sua vontade, caso contrário seremos de fato punidos por ele.
Mas como os crentes do segundo século perceberam que Deus é Todo-Poderoso? O credo nos informa, pois, Deus é visto como tal por é “...criador dos céus e da terra ”. Este é outro aspecto que precisa ser considerado com muita propriedade em nossos dias, pois, pessoas há que defendem que não há um criador no universo. Deus é banido da escola, da faculdade e Darwin é colocado no centro. Sim! Falo da doutrina evolucionista – que não passa de uma teoria – que está corrompendo os nossos jovens.
Muitos jovens que antes eram cristãos abandonaram a crença em um Criador. O credo nos ensina que a fé da Igreja é que este universo não é fruto de um big-bang, pois, como poderia haver uma explosão no espaço lugar que não tem oxigênio? Ou como poderia a vida humana, tão complexa em sua constituição, ser fruto de um processo evolutivo onde a ameba começa como o proto-ser para tornar-se em um homem? Tudo contrário a razão.
Não queridos! Nada surgiu sem uma mente inteligente. Aliás, Deus se faz necessário na existência humana exatamente porque não há outra explicação plausível para a criação da alma humana – uma evolução? Nada! – pois, a Imago Dei no homem é a melhor explicação.
Creio em Deus “criador”, ele nos criou e nos trouxe a existência por sua vontade deliberativa. Como os primeiros cristãos chegaram a esta afirmação? Como perceberam Deus como criador? O credo nos diz que “Deus é criador dos céus e da terra”.
Aqui o gnosticismo tem sido frontalmente rejeitado. Pois, este ensino criou um dualismo entre o mundo do Espírito e o Mundo da matéria. Onde havia um Deus – lógos – criou o mundo do Espírito; e o Dimiurgo criou um mundo material. O credo nos mostra que Deus, que é infinitamente bom por ser Pai, e todo amoroso pela mesma razão, criou o mundo angélico e espiritual ( Céus ) como também criou o “mundo da matéria” (terra). O dualismo é negado pela Igreja de Cristo. Deus é visto como sendo Todo-Poderoso porque criou os céus e a terra – então, tudo é bom. “Todo Dom perfeito vem dEle”(Tg.1.17-18).
Aplicações:
Que aplicações podemos deixar sobre este primeiro artigo do nosso credo? Vejamos:
1. Fé envolve mais que os elementos subjetivos – creio em Cristo para a salvação – ela carrega um elemento objetivo – conjunto de verdades – e assim, que possamos de fato Ter uma fé que não vacila.
2. Perceber que Deus é o objeto de nossa fé isso implica que nada pode ser superior a ele em nossas vidas.
3. Entender que Deus nos ama – pois, ele é o nosso Pai, e quando recitarmos o credo jamais devemos esquecer disso.
4. Viver sob a soberania de Deus realizando a sua vontade, é assim que deve ser a vida cristã. Deus para ser Deus deve ser plenamente soberano no mundo que ele mesmo criou.
[1] O Autor é membro da Igreja Presbiteriana do Brasil. É fundador e atualmente lidera a Congregação Presbiteriana da Sagrada Herança Reformada em Piedade – Jaboatão dos Guararapes.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

PRESBYTERIAN CONGREGATION IN PLEASURES ( BRAZIL)
Meeting of Doctrine.
Prof. João Ricardo Ferreira de França
jrcalvino9@gmail.com

THEME: HOW TO FIND A TRUE CHURCH?

CLASS: THE PREACHING FAITHFUL OF THE WORD. IT MARKS DISTINCTIVE OF A TRUE CHURCH.

BASIC TEXT: 1 Corinthian 1.21-25.

Introduction: Our time is marked by the crisis in the preaching of the Word of God, ironically the television media, radiofônica and printed has been publishing preachings, cd's, dvd's and books with preachings have been overfilling the bookstores in general. Still, like this, we looked about and we noticed that the preaching continues absentee in our time. Why all this? The pulpit is lost in our time.
There is a desperate scream in the believers' heart. They ask for a true Church. Where is this Church? Now, this church can only be found when the pulpit resounds the trumpet of God, or as it puts Paulo, when the madness of God shows! The preaching is the distinctive mark of the Church. This mark was used by the reformers to identify a true Church. But, in our time to become difficult to find a faithful pulpit, and the one that saying of a true church.
Somebody can ask: is the preaching really necessary? Why you Presbyterians give so much importance to the preaching? Because she is the divisor of waters between the sky and the hell. Chapell reminds us something interesting on that:

We "know be insufficient our abilities for a task of such wide consequences. We recognized that our heart is not pure enough to guide other to the sanctity. A honest evaluation of our expertise unavoidably in the group to the conclusion that we don't have eloquence or wisdom capable to wash the people of the death for the life."[1]

In the days today the sermon is despised by Christ's Church with so much easiness that C.H.Spurgeon chgou to affirm the following: The apathy is for the whole part. Nobody worries in to verify that is being preached is true or false. A sermon is sermon, it doesn't import the subject; only that, the more short, better" The words of Spurgeon resound in our time, because, actually such negligence has been happening in our days, for that, we needed to face this subject with more seriousness. In this abbreviation study we will talk about the Faithful Preaching as the distinctive mark of the true Church.
Because, the Church without preaching resembles each other to body without soul, she doesn't have life. She has noise, cry and screams. as it happens in a funeral. but many have been attributing that to the Espírito Santo, though, they don't notice that the Spirit acts with and through the word.





I - THE HISTORY OF THE PREACHING. HER MAJESTY AND GLORY.

Cannot we talk about this subject without we understand as the History of the Church faced him/it, in other words, how did the Church see the subject of the preaching faithful of the word? In the text that we read Paulo it valued the preaching offering dramatic connotations. What is the preaching? Stott tells us that is the exclusive emphasis of the Christianity."
For where to begin our historical pilgrimage of the preaching? Dargan indicates us that such search should be seen in the own cristo, because, the "Founder of the Christianity, personally, was the first of their preachers... " the Gospel present cristo as going and "proclaiming the good-new of God" (Mc.1.14; 1.39; Mt.4.17; 4.23; 9.35).
We are informed for the Deeds that the apostles gave priority to the preaching of the Word in Actions 6.4.
The apostolic parents insisted on this same theme. the preaching faithful of the word. as we see in Justino Martyr's report:

And in the day called Sunday, all how many live in the cities or in the interior they meet together in only one place, they are read the apostles' memoirs or the writings of the prophets, for as much time as possible; then, having finished the reader, the president instructed verbalmente, and it exhorts to the imitation of those virtuous things. Soon afterwards, all put ourselves of foot and we prayed and, as we said before, to the they finish our prayers bread, wine and water, and the president are brought, in a similar way, he/she offers prayers and actions free, according to his/her capacity, and the people agree saying amen.

Another called apostolic father Tertuliano tells the same truth basically about the preaching of the word in the day of the Mister. But, leaning that more prominent preacher doesn't exist in the history of the Church than João Chryssostomos. known as the Mouth of Gold. bishop in the Greek Church; the historians say that preaching of Chryssostomos possessed four basic characteristics that he/she came to become pattern for the faithful preaching;
1. It was a Biblical preaching.
2. Simple and direct interpretation.
3. Practical application.
4. It was fearless in their placements.

In the reality he was "martyr of the pulpit, because it was mainly his/her faithful preaching that provoked his/her exile." In the period of the reformers and of the puritans the preaching received such importance, to the point of bishop Latimer to say: The Word of God is seed to be thrown in the field of God" and "the preacher is the sower", the title of this sermon was "Hand in the Plow", for a moment of his/her preaching Latimer, asks an unusual question: "Who is the bishop and more diligent prelate in the whole England, that overcomes all the others in the exercise of his/her position? ...Do you want to know who is? . he/she is the Devil. It is him the most diligent preacher among all of the others", he continued:
He is never absent of his diocese; he is never far away from his ecclesiastical community; you will never find him/it unoccupied; he is always at his parish; it maintains resistance at every time; you will never find him/it unavailable... Where the Devil is in residence and it is with his/her plow in process, there: it had been the books and live the candles!; it had been the Bible and live the rosaries!; it had been the light of the Gospel and live the light of the candles. even at noon!; [...] they live the traditions and the men's laws!; I lower the traditions of God and his/her sacred Word! [...] therefore you, prelates that don't preach, learn with the Devil: the they be diligent in the exercise of his/her position [...] If you didn't want to learn of God, nor of good men, the they be diligent in the position, learn of the Devil.
In other words, if we are lazy for us to study the Word of God to apply, to preach and to defend her, if we didn't preach and we expose the Word of God to the men are enemy of the cause of the Gospel. And the preaching is the only vehicle for which the world can find salvation.
Then, nail the Word, because, the preaching continues being majestic and it is our duty to preach with singular authority without reservations, without fear, and believing that God has been using this method to save sinners as he declared Paulo in the text that we mentioned above.

II. THE FAITHFUL PREACHING IS THAT THAT EXPOSES THE TEXT.

Some people say that everything that we see at night at the Church in Domingos should be characterized as preaching; though, the authentic preaching is that that exposes the text, known as expository preaching. She should be a practice in the life of those that arise to the pulpit; we have been seeing that, many prefer to nail theme or topicamente. Why? Well, because it is easier to preach on top of a theme; usually the systematic theologians preach this way; they work themes in the Church on Sunday at night. I am not saying that the preaching should not Have a theme. the one that I am saying is that the text cannot be exposed with the doctrinaire presupposition that one should approach.
Let to explain to me: Imagine that you want to preach on the trindade. Then, it throws hand of the text of Gênesis 1.1 to base the doctrine; the first question to be done is: Was Moisés thinking about Trinity when he/she wrote this text, especially in the use of the noun plural elohim? And if we are sincere will we say that no, doesn't the text serve soon, but does that annul the doctrine? No. Do you prepare a study now on the subject, and does it begin with João 14.23. do we "come and will we do in him home" cristo is speaking of a Trinity? Yes. Then I now can understand Gênesis 1.1. there I see, for the mark of all the revelation, the embryonic form of Trinity.
The expository preaching she just concentrates on the text that is read. Why is so difficult to nail expositivamente? Because it demands more from the preacher:

1. He/she demands historical knowledge: the context of the passage should be taken into account.
2. He/she demands knowledge of the original text and of his/her grammar
3. He/she demands exegesis knowledge and hermenêutica.
4. He/she demands a lot of reading. exegesis manuals, interpretation manuals, biblical comments.
5. He/she demands knowledge of the doctrinaire systems: credos, confessions, systematic theologies.

Did the Church always nail expositivamente? This is a great question. The answer is affirmative, because we see that in the day of Pentecostes that Pedro's sermon was expository, see how the sermon is structured:
I. Jesus of Nazareth was an approved man for God.
. In His life
. In His death
. In His Resurrection
. In His ascension to the Skies.
II - Jesus received Espírito Santo and it spilled what you see and they hear.

III. God made to this Jesus, That you crucified, Mister and Christ.

IV. Application

1. Be sorry
2. Be baptized in Jesus Christ's name.

V. Promises:

1. Redemption of the sins
2. Talent of the Espírito Santo
3. Inclusion of the Children
4. And many that are far, so many how many our God to call.

Another text neotestamentário that presents us an expository preaching is Actions 7. known as Estevão's sermon. This sermon type was always present in the life of the Church from their origins, the sermon of the hill that Christ uttered is expository.
Why to nail expositivamente? Leaning that the expository preaching offers us some fundamental truths:

1. He/she restores the preaching of the crisis.
2. He/she annuls the methods mystics
3. He/she restores the authority of the Bible
4. He/she restores the life of the Church.

These quatros realities are manifested when we nailed expositivamente. That implicates in some things. First, in the display that the crisis in the preaching today is the result of our negligence, because, we are not nailing the Bible faithfully. We forgot than Paulo tells us in 1 Corinthian 4.1-2 our preaching should be faithful; in second place, the subjective methods should be rejected when we nailed expositivamente the word, an example of that, is the use that many do of João 14.6, and they say that you/they see three things there: I walk. it indicates the law of God.
Truth - it Indicates that the world is a lie
Life. it indicates Christ's Person.
This approach of the text is subjective, and it ignores the exegesis of the text. Jesus is not saying three different things, but he is using an illustration called Tríade Sinonímica. This means that Christ was saying a single thing: I am the alive and true road. Then don't advance to catch this text to do a preaching of three points!
When we nailed expositivamente restored the authority of the Bible, we are saying our people that all our ideas flow of the Bible. In other words, the expository preaching says that the Bible continues being the absolute pattern in a post-modern world. Why do tell that? It is because we know that nor "all of the answers that the church provides through their preachers proclaim good-new. Some simply abandoned all hope of finding a source of the truth to have authority." The Bible becomes the center of the cult and of the believer's life when expositivamente is confronted at night by the sacred text on Sunday. "Such preaching presents the authority voice that doesn't come from the man and it assures answers don't subject to cultural fantasies." The Bible receives the authority fully when we nailed the Deeds faithfully.
The expository preaching also offers life to the Church. The law of God when it is taught offers life and it vivifies the soul (Salt. 119.25; João 6.68). The preaching belongs the word to Christ to the Church; it is our duty to nail exposing the Bible.

III. THE FAITHFUL PREACHING IS COMPROMISSADA WITH THE SUFFICIENCY OF THE BIBLE AS WORD OF GOD.

How to identify a true Church? Well, we have been seeing that the preaching faithful of the word is the main mark of a true Church. It is not any preaching, notice is the faithful preaching. In other words, she should be faithful the revelation of God. That in the group for I begin him/it of the Reform called of Sola Scriptura (only the Deeds).
Every sermon should reflect the unanswerable faith that the Bible is the only authority source in the life of the Church. The ones that don't have faith like this until they can preach, but they are not faithful preachers the Bible, and like this, the Church that pasture cannot be classified as true Church.
What is wanting saying is that the expository preaching condemns all practical and doctrine that supplants the Deeds through new revelations or human traditions. The says "like this you" of the Deeds are the imperative of the expository preaching. Bible and only Bible and anything of revelations, supposedly produced by the Espírito Santo!
The faithful preaching is the main half free of Christ's Church, in other words, Christ speaks his/her Church only through her, because, she is Christ's Word. Hebrew 1.1; in the Presbyterian understanding the preaching is the most excellent middle for which the grace of God is communicated to the men..."
Our spiritual experiences are not able to any in way to annul the proclaimed Word of God (2 Pedro 1.15-21), it is exactly that that tells us Pedro, him that had a tremendous experience in the hill of the Transfiguration, but it didn't use this experience to suffocate the prophetic word that was being announced.
The preaching expository break whole anti-biblical tradition; no there are means for which we can be faithful preachers and we maintain traditions that he/she doesn't have support in the Bible. Ours and credos should be analyzed the light of the Word of God. The founder of the presbyterianism in Inglaterra Thomas Cartwright was a good one Anglican, though, he decided to do a series of expository preachings in the book of Actions and he discovered that the government of the primitive Church was Presbyterian government's system, then, he broke up with his Anglican tradition and it began the English presbyterianism.
The faithful preaching recognizes that the Deed is fully enough in everything that affirms, therefore, it is like this that he/she teaches us Paulo in 2 Timóteo 3.15-17. The expository preaching should be compromissada with the truth of the sufficiency of the Word of God.

IV. THE FAITHFUL PREACHING RESTORES THE CULT.

How to know the Church that we frequented it is true? We should look at the cult! The cult is the reflex of as we treated the preaching; or it is the result of the preaching. The preaching turns the cult that she is.
The expository preaching is simple. Therefore the cult should be simple. The expository preaching is clear; each liturgical action should be clear; the expository preaching is biblical; everything in the cult should Have biblical sanction. The expository preaching is practical, then, the cult owes practical; the expository preaching seeks the glory of God and for consequence the cult should manifest that glory of God fully.
The preaching occupies the central place in the cult that rendered God. The liturgical reform becomes only possible if the preaching is in this central place. Josías in the times of the Old Will made a radical reform in the cult because the Law of God had been found and work! The Protestant Reform was the reform of the cult by the Proclamation of the Word. The word reforms the cult.
Calvino when talking about the primacy of the preaching in the cult, in his/her ecclesiastical manual, says that the "preaching of the Word should be the essential element of the public cult and the primordial and central task of the pastoral ministry." It is still Calvino says that "Satan tries to destroy the church making the Pure preaching" to disappear. , he still say that
"the signs for the which the church is recognized are the preaching of the Word and the observance of the sacraments, because these, wherever exist, they produce fruit and they prosper the blessing of God. I am not saying the Word wherever is nailed the fruits immediately they appear; but that wherever is received and inhabit for some time, she always manifests his/her effectiveness"
Then, if we wanted to know if we are in a true Church in fact should look as the preaching affects the cult! A cult where the men are not reverent, they don't hear the preaching of the Word as Central element (he/she Sees: Neemias 8), this cult was not restored by the Preaching. And why? Because it is spoken about the Word, but she doesn't nail her faithfully! In many cults the Word is used as appendix, because, the Theater, the coral, the choreography, the palms, the group of Praise becomes the center of the cult, the preaching is removed and the entertainment is put. The preaching lasts just some minutes, and it is treated in a subjective way and the message is triunfalista! "God will change his/her luck", "God revealed me that your victory will arrive"; and like this, they call that of preaching. That is not the preaching that characterizes the true Church.
The faithful preaching restores the cult because it puts God in the place of God, and the man in man's place. Where the sin is confronted, the duties are demanded, where the sanctity is exposed, where the hell is shown, where the grace is manifested in the proclamation have a true Church. The true cult is reflex of a faithful preaching. The Church that loves the expository preaching is a prepared Church to face the world; if we loved the expository preaching will love the cult unavoidably to God.

CONCLUSION:

Before the one what have already been exposing the one what we we can learn and to apply for our lives? What conclusions can remove of all this what spoke?
1. Never despise the Preaching: The history of the Christianity in the alert for the majesty of the preaching and his/her glory.
2. Understand that the True Church values the expository Preaching: To identify that Church it is true evaluates his/her preaching, if she doesn't expose the teachings of the Bible faithfully, know that there there is no Church some.
3. Stick the truth that the True Church is committed with the sufficiency of the Word of God: Languages, prophecies and revelations or human traditions cannot silence the voice of the pulpit!
4. If a preaching in a Church doesn't restore the cult, then, there we don't have a true Church: The True Church will have the concern that everything that be accomplished in the cult should be ordered, for an explicit commandment, historical example and biblical inference. The Church that is committed with the expository preaching will have deep love to the cult to God and it will seek only the glory of God!

[1] CHAPPEL, Brayan. Preaching Cristocêntrica - Restoring the expository sermon: A practical and theological guide for the Biblical Preaching

HISTÓRIA DA REFORMA

A EUCARISTIA NA REFORMA PROTESTANTE.
Por: João Ricardo Ferreira de França.*
Neste ano a Reforma está comemorando 491 anos de sua deflagração contra os abusos de Roma. Todavia, quando lemos os artigos que falam sobre este momento singular da história, geralmente, temos a impressão de que a Reforma foi um movimento onde houve uma unanimidade em todos os seus particulares, mas a realidade é outra bem distinta da que pensamos, existiu grandes divergências entre eles. Este breve artigo visa abordar, de forma resumida, uma delas: a Eucaristia ou Santa Ceia..
A Santa Ceia sempre foi considerada como o vínculo de paz e unidade entre os crentes, todavia, foi motivo de discórdias dentro da chamada Reforma Protestante. É notório que o problema da Santa Ceia está vinculado as concepções cristológicas sustentadas pelos reformadores, e assim, a Eucaristia tem como pando de fundo a questão da presença ou não de Cristo nos elementos.
Antes da Reforma ocorrer a doutrina da Eucaristia era diferente da que nós temos hoje. A primeira realidade é que na “igreja primitiva, a celebração da Ceia do Senhor era o ponto central da adoração cristã”.( GEORGE, Timothy, 1993,p.145). Curiosamente o sacramento da Santa Ceia foi corrompido pala concepção da Transubstanciação ( a substância se transforma ). Tal doutrina passou a ser doutrina oficial na Igreja de Roma no quarto Concílio de Laterano em 1215 (BERKHOF, Louis., 1989, p.226.). Mas, essa idéia é bem anterior conforme podemos ver, pois,“ em 818 d.C um teólogo medieval chamado Pascácio Radbert formalmente propôs a doutrina de que os elementos, pelo poder divino, literalmente se transformam no mesmo corpo que nasceu de Maria” (BERKHOF, Louis, 1989, p.226.).
. No período da Idade das Trevas – ou Idade Média – a Santa Ceia passou a ser vista como algo miraculoso que protegia o viajante da doença, preservava os marinhos da fúria do mar, dava ainda a provisão na lavoura; chegava-se ao absurdo de dizer que a Ceia dava uma boa esposa ao solteiro (TAPPERT, Theodore G., 1961, p.41).
OS REFORMADORES E A EUCARISTIA.
Diante disso, a Reforma se colocou contra estas concepções sobre o sacramento da Santa Ceia. Lutero tinha uma visão muito individual quanto a este sacramento ele “criticou a negação do cálice aos leigos”( SIERPIESKI, Paulo.,sem data, p.8.) Ele expressou dúvidas e criticou a doutrina da Transubstanciação. Lutero rejeitou a concepção de que os sacramentos fossem obras meritórias, e ensinou que eles eram dons da graça de Deus à sua Igreja e devem ser recebidos com fé. (LUTERO, Martinho.2006, p.50.).
O problema se manifestou quando Zwínglio tomou ciência de que Lutero estava ensinando que o corpo de Cristo estava literalmente presente na eucaristia, enquanto o reformador Zwínglio ensinava que o pão e o vinho, da Santa Comunhão, eram apenas memoriais da morte de Cristo, e assim, o estopim estava ativado. Lutero escreve uma carta a um amigo dizendo que a interpretação do reformador Zwínglio estava equivocada (STROHL, Henri., 1989, p.144); o reformador alemão tinha a seu favor um tese de um padre que defendia a consubstanciação que nunca foi negada oficialmente pela Igreja Romana(STROHL, Henri., Ibid, p.225), isso ainda alimentou a concepção de que Lutero estivesse certo.
Houve uma guerra de escritos sendo trocados entre ambos, pois, discordavam energicamente quanto a este assunto; os livros de ambos chegaram a ser vendidos lado a lado pelos jornaleiros da época. Lutero não estava disposto a dizer que a Eucaristia era um mero “símbolo das realidades espirituais” (GONZALEZ, Justo L., 1983, p.71). A grande arma de Lutero era as palavras da Instituição de Cristo “isto é o meu corpo” , não “indica a transubstanciação, mas aponta para o fato de que Cristo está literalmente sobre o pão, ao lado do vinho e sob ambos elementos” (Idem)

UMA SOLUÇÃO PROPOSTA: UMA DIVISÃO PERMANENTE.
Diante de tamanha guerra decidiu-se fazer um debate entre os grupos – luteranos e zwínglianos – para se resolver o dilema. Filipe de Hesse propôs que o debate fosse realizado em seu Castelo em Marburgo no ano de 1529. Lutero estava acompanhado de seu ilustre amigo Melanchton e com outros colegas. E Zwínglio estava acompanhado de Ecolampádio, Bucer que era os líderes principais dos Zwínglianos. O fato curioso neste debate é que dos quinze pontos discutidos entre Lutero e Zwínglio quartoze deles ambos estavam de acordo, mas na questão da Eucaristia ambos discordavam.
O reformador Zwínglio chegou a clamar com lágrimas que desejava concordar com os luteranos (GEORGE, Timothy., Op.Cit, p.150) Travou-se uma guerra exegética. Zwínglio diz que Lutero defende uma doutrina que não pode ser comprovada pelas Escrituras, e não tem a menor coragem de citar uma única passagem. Lutero estava com uma lousa coberta com um pano, e após, a declaração de seu opositor, removeu o pano, e no quadro estava escrito “Este é o meu corpo!”, então, Lutero dirigiu-se a Zwínglio dizendo: “Aqui está a nossa passagem das Escrituras. Você ainda não a tirou de nós.”(Idem) Lutero rejeitou as figuras de linguagem usadas por Zwínglio para mostrar que ali estava empregada uma linguagem não-literal.( KLEIN, Carlos Jeremias.,2006, p.77-82) Mas isso foi em vão. Ambos os grupos ficaram divididos definitivamente.

O EXEGETA DA REFORMA: UMA VISÃO CONCILIADORA.

Na discussão entre Lutero e Zwínglio havia um homem que pensou profundamente sobre essa questão da Eucaristia. Ele nos ofereceu um esclarecimento bíblico e teológico sobre a Ceia do Senhor e a presença de Cristo na mesma. O nome deste reformador é João Calvino considerado o maior exegeta da Reforma Protestante. Para Calvino a Eucaristia era mais que uma simples “cerimônia de comemoração do Sacrifício de Cristo: era um evento de comunhão com o próprio Cristo”( CALVINO, João.,1999,Livro 4, Cap.14, parag.1,9.). Embora ele aceitasse algumas afirmações de Zwínglio, afirmava que Cristo estava presente no Sacramento da Ceia mediante a ação do Espírito Santo, e assim, de fato, o Sacramento poderia ser chamado de Meio de Graça onde os eleitos recebem o que a eles é destinado no sacramento, enquanto que os falsos crentes recebem juízo de Deus; logo, a concepção calvinista sobre a Ceia é que Cristo está real, porém, espiritualmente nos elementos.
Esta concepção de Calvino é a posição das Igrejas Presbiterianas e Reformadas conforme expressa seus símbolos de Fé.( Confissão de Fé de Westminster: Cp.27, Seç. 3; Cp.29, Seç. 1,5,7; veja-se também o Catecismo Maior de Westminster nas perguntas: 162, 168,170) O que aprendemos deste assunto? Aprendemos que Reforma foi movimento onde havia de fato uma reflexão teológica. Aprendemos que os reformadores tiveram que lidar com questões que mereciam ser esclarecidas; mas também aprendemos que aquilo que deveria unir a fé tornou-se uma divisão entre eles. De sorte que mundo está dividido assim: os romanos com a transubstanciação; os luteranos com a consubstanciação; os zwínglianos com a concepção memorial e os calvinistas com a noção da presença real de Cristo nos sacramentos de forma espiritual. Isso deveria nos entristecer? Não. Isto deveria nos estimular a orarmos para que a Igreja de Cristo mostre sua unidade nestas questões singulares.

Referencias Bibliográficas.
BERKHOF, Louis. A História das Doutrinas Cristã, São Paulo: PES, 1989.
CALVINO, João. Intitución de la religión Cristiana, Barcelona: Felire, 1999.
GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores, Trad.Gérson Dudus & Valéria Fontana, São Paulo: Vida Nova,1993).
GONZALEZ, Justo L. A Era dos Reformadores, São Paulo: Vida Nova, 1983.
LUTERO, Martinho. Do Cativeiro Babilônico da Igreja, Trad. Martin N. Dreher, São Paulo: Martin Claret,.2006.
KLEIN, Carlos Jeremias. Os Sacramentos na Tradição Reformada, São Paulo: Fonte Editorial, 2005.
SIERPIESKI, Paulo. História do Cristianismo I, Da Reforma, Recife: Seminário Batista do Norte – Obra não Publicada, s/d.
STROHL, Henri. O Pensamento da Reforma, São Paulo: Aste, 1989.
TAPPERT, Theodore G. The Lord’s Supper: Past and Present Pratices Filadélfia: Muhlenberg Press, 1961.
* O autor é seminarista, sendo o vice-presidente da mesa administrativa na Congregação Presbiterial em Prazeres também é candidato ao Sagrado Ministério pelo Presbitério do Recife e atualmente está bacharelando em Teologia no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

HISTÓRIA DA IGREJA NO BRASIL

OS FRANCESES NO BRASIL COLONIAL.
Por: João Ricardo Ferreira de França.

O segundo governador do Brasil durante os anos de 1553-1558 foi Duarte da Costa; tal governo foi menos feliz que o de seu antecessor, “pois que nocivas discórdias e lamentáveis acontecimentos quebraram no seu tempo a harmonia e a paz da colônia”[1]. Por uma questão política somos informados que o filho do governador por ser jovem o bastante foi repreendido pelo bispo do Brasil para observar os bons costumes da nova pátria. Isso foi o suficiente para gerar desarmonia entre o governador e o bispo. Tal acontecido gerou conflitos entre Duarte da Costa e os chamados frades Jesuítas[2]
Somos informados que durante este período houve grandes conflitos entre os portugueses e os indígenas; houve também entre patrícios conflitos gritantes por causa do colégio jesuíta – o Nóbrega – isso fez com que o bispo Pero Fernandes Sardinha fosse convocado pelo Rei para explicar e resolver tais conflitos – dos quais ele já fora informado existir na colônia – todavia, o bispo não chegou a seu destino.
O bispo havia embarcado[3] para Lisboa em 2 de junho, mas o seu barco naufragou no dia 16 deste mesmo mês, ele conseguiu escapar de seu afogamento, e chegou próximo da foz do rio Cururipe, todavia, foi preso pelos Índios Cahatés, que eram antropofágicos, e o devoraram, assim como todos os que estavam com ele.
O historiador Calmon nos indica que foi “horrível a matança dessas cem pessoas muito relacionadas na Bahia.”[4] Diz Frei Vicente que se salvaram apenas dois índios, e um português que lhes sabia a língua[5]
Alguns historiadores dizem que tais conflitos precederam a maior de todas as ameaças, era a chegada de um grupo de franceses, Macedo é um destes historiadores:
No rio de Janeiro anunciava-se um perigo ainda mais grave. Nicolau Durand Villegagnon, cavaleiro de Malta, e vice-almirante da Bretanha, ganhando, como calvinista, a proteção do almirante Coligny, a quem confiou a idéia que concebera de fundar no Brasil uma colônia, asilo para os sectários de Calvino, e obtendo por intervenção do mesmo Coligny, alguns auxílios do rei da França Henrique II, preparou uma expedição, e saindo com ele do Havre, entrou na Baía do Rio de Janeiro em novembro 1555[6]
Nos chama atenção que alguns historiadores acusam os franceses de serem “místicos” que aqui chegaram para “fundar a colônia de Villegaignon.”[7]essa era uma acusação pugente para se rejeitar desde o início a presença dos franceses.
Qual era a primeira intenção de Villagaion? Era estabelecer uma colônia para os refugiados franceses, mas a real idéia seria de estabelecia uma cidade que deveria Ter o nome de “Henriville” que era “em honra do seu rei, assim como da França Antártica a nova colônia francesa que se estenderia pelo Brasil”[8].
Os franceses ocuparam a “grande ilha na Guanabara”, os tamoios[9] eram aliados dos franceses e estavam presentemente marcantes na Baía de Guanabara. Os “maracajás” eram inimigos dos “tamoios”; os “maracajás” eram aliados dos portugueses, Pedro Calmon nos informa que este grupo de índios tinha “ódio a tamoios e mairs” e que eles “não perdoavam e não traíam”.[10] E que no momento do conflito com os franceses estes índios foram convocados para defender Portugal.
E dentro deste contexto é bom que se diga que “a presença protestante no Brasil foi tida como invasora e prejudicial, porque estava mesclada com interesses comerciais e políticos. Tanto franceses no Rio de Janeiro, como holandeses em Pernambuco, constituíram ameaças para o reino de Portugal”.[11]
Outro fato interessante é que os franceses “achavam populações aliadas, abundante resgate, clima propício e jeito de permanecer”.[12]

VILLEGAIGNON – UMA BREVE BIOGRAFIA.

Ele era o sobrinho do “grão-mestre da Ordem de São João de Jerusalém, Villiers de I’Isle-Adam”[13], ele era o vice-almirante da Bretanha, conforme já indicamos, veterano da expedição espanhola de Argel[14].
Villagaignon sempre foi visto como um destemido navegado, de quem se contava belas proezas, tais como o transporte arriscado da Rainha Maria Stuart, esta era a noiva de Francisco II, burlando a vigilância dos navios Ingleses.
No campo dos estudos somos informados que ele estudou “algum tempo com Calvino”[15], e ligara-se a Gaspar de Coligny, Almirante da França, Villegaignon foi arrebatado pelo Sonho de criar na América uma colônia exemplar - sendo também um refúgio dos perseguidos – e com os meios necessários para tal empreitada, mandou recrutar nas ruas de Paris, ao som das trombetas, quantos quisessem acompanhá-lo.[16]Ele não só levou cidadãos que estavam nas ruas, outro historiador nos indica que ele “com a permissão do Rei levou jovens de várias prisões francesas”[17]. Estas questões são pertinentes ser analisadas. A correspondência mantida entre Calvino e os franceses, inclusive com Villegaignon nos mostra o interesse de Calvino pela França reformada que aqui se estabelecera.
Qual era a real intenção de Villegaignon? A primeira intenção dele em convidar os calvinistas para o Brasil se estribava no interesse em sufocar as rebeliões que possivelmente “surgiriam na nova colônia através da aplicação do ensino religioso sistemático e rígido”[18]. Logo de inicio esta tentativa(de estabelecer uma colônia francesa) estava fada ao fracasso, visto, que os ideais de Villegaignon não estavam alinhados com a evangelização calvinista, um grande historiador nos diz:
O que se infere, em suma, dos documentos, e da própria conduta de Villegaignon na América, é que o homem nunca deixou de ser católico; e que em França se disfarçou quanto pôde, só para criar um grande motivo que tornasse popular e patriótico o empreendimento planeado, que na ilha de Coligny continou por algum tempo a comédia; e que, assim que sentiu como Henrique II tomava interesse pela obra, e que não era mais preciso parecer protestante, entendeu que não havia mais necessidade de contrafazer-se.[19]
Ele era um homem de caráter dúbio era o líder dos calvinistas neste imenso Brasil. E ainda assim, teve a coragem de trair todos os que o haviam apoiado. O investimento desta empreitada é registrado por Calmon que diz “O rei deu 10 mil libras tornesas”, e ainda ele sugere que foi “Coligny que entrou com a maior parte dos gastos. O fato é que brevemente equipou Villegaignon dois navios de 200 toneladas, neles embarcou algumas centenas de aventureiros, e saiu do Hevre a 12 de julho de 1555, rumo ao Rio de Janeiro”.[20]

BAÍA DE GUANABARA – UM MUNDO CALVINISTA PERDIDO.

No ano de 1557 o sobrinho de Villegaignon “chegou ao Rio de Janeiro, trazendo à colônia francesa um reforço de trezentos homens, o que tornava mais evidentes as disposições para uma ocupação permanente.”[21]Esse primo de Villegaignon chamava-se Bois-le-Comte essa chegada de reforços e conjectura política do país naquela situação acirrava ainda mais os sentimentos negativos em relação aos franceses; pois, agora o novo governador era o Mem de Sá.
Esse novo governador geral do país fortaleceu a ordem do jesuítas, onde todas as aldeias dos índios eram quase que completamente colocadas sob o governo desse grupo; Mem de Sá ainda puniu severamente a antropofagia, “que efetivamente desapareceu das hordas sujeitas ao seu poder”.[22]
Ele tornara-se uma grande estrategista em conflitos bélicos, pois, dirigiu-se para a Capitania de Ilheús para guerrear contra os Índios que apoiavam os franceses – essa capitania servia como suporte bélico dos franceses – e tendo vencido, pois, os reforços que pedira a Portugal havia chegado, e os “selvagens foram batidos e obrigados a pedir paz em 1559”.[23] Então, o governador geral da nação decidiu organizar uma expedição para atacar os franceses, ele entrou na barra do Rio de Janeiro em março de 1560.
Na Ilha estava havendo conflitos internos, diz-se que Villegaignon descobrira uma tentativa de os seus subordinados conspirarem contra ele, todavia ele descobriu tal ato; e, puniu os que assim tencionava, alguns historiadores sugerem que a responsabilidade dessa conspiração estava sobre os ombros dos pastores genebrinos, como nos lembra um historiador:
Em sua carta a Calvino (Opera, XVI, 417), Villegaignon pretende que a revolta teve origem no fato de haver ele proibido que as mulheres indígenas entrassem na colonia desacompanhadas de seus maridos – medida que levou vinte e seis mercenários, voluptatis illecti cupiditate, a conspirarem contra a sua vida, Thevet, em sua Cosmographia, procura lançar sobre os ministros genebrinos a responsabilidade, desta conspiração, quando é certo que ela se realizou antes da chegada dos mesmos, como o prova a própria carta de Villegaignon ( Lery, Prefacio, tomo I, p. 13).[24]
Villegaignon mostrou-se demasiadamente cruel quando descobriu os principais conspiradores, somos informados que
Villegaignon e os que lhe eram fieis, assim prevenidos, armaram-se e prenderam quarto dos principais conspiradores, aos quais infligiram severíssima punição, para escarmento dos demais e para os conservar adstritos ao seu dever e á sua condição, sendo que dois deles foram postos em prisões com cadeias e ferros e obrigados a trabalhos públicos durante certo tempo[25]
Após tudo isso houve uma grave controvérsia a respeito da Santa Ceia; pois, uns dos ministros queria fazer uma sangria no ato da eucaristia, isso gerou um grande problema dentro da Baía de Guanabara; mas após um fingimento de ambos os grupos celebrou-se o sacramento onde o próprio Villegaignon fez sua profissão pública de fé, demonstrando assim, que estava alinhado a fé Calvinista.
Estes conflitos internos foram prenúncios de que não haveria um futuro Calvinista para os franceses que aqui estavam. Pois, um reino dividido como estava a ilha não poderia subsistir. Mas em uma proclamação calvinista a respeito do Batismo Cristão, Villagaignon tentou contradizer o ministro da palavra em plena assembléia pública dizendo que deve-se seguir o ritual católico em relação aos sacramentos.
Então, Villegaignon decidiu matar os calvinistas que segundo ele eram inimigos do seu governo tirano. Como fazer isso? A solução veio muito breve, pois, “Com intuito de pôr em execução o seu maligno projeto, formulou um questionário sobre matéria de fé e enviou o aos cinco Calvinistas, assinando-lhes o prazo de doze horas para que o respondessem por escrito.”[26] Os cinco calvinistas que eram representantes da Igreja Reformada fizeram um bela e profunda confissão de Fé, o redator desta foi: Jean Du Bourdel. Veja-se a Confissão:


A Confissão de Fé de Guanabara
por
Jean de Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon e André la Fon
No dia 7 de março de 1557 chegou a Guanabara um grupo de huguenotes (calvinistas franceses) com o propósito de ajudar a estabelecer um refúgio para os calvinistas perseguidos na França. Perseguidos também na Guanabara em virtude de sua fé reformada, alguns conseguiram escapar;
outros, foram condenados à morte por Villegaignon, foram enforcados e seus corpos atirados de um despenhadeiro, em 1558. Antes de morrer, entretanto, foram obrigados a professar por escrito sua fé, no prazo de doze horas, respondendo uma série de perguntas que lhes foram entregues. Eles assim o fizeram, e escreveram a primeira confissão de fé na América (ver Apêndice 2), sabendo que com ela estavam assinando a própria sentença de morte. [27]

TEXTO DA CONFISSÃO [28]

Segundo a doutrina de S. Pedro Apóstolo, em sua primeira epístola, todos os cristãos devem estar sempre prontos para dar razão da esperança que neles há, e isso com toda a doçura e benignidade, nós abaixo assinados, Senhor de Villegaignon, unanimemente (segundo a medida de graça que o Senhor nos tem concedido) damos razão, a cada ponto, como nos haveis
apontado e ordenado, e começando no primeiro artigo:

I. Cremos em um só Deus, imortal, invisível, criador do céu e da terra, e de todas as coisas, tanto visíveis como invisíveis, o qual é distinto em três pessoas: o Pai, o Filho e o Santo Espírito, que não constituem senão uma mesma substância em essência eterna e uma mesma vontade; o Pai, fonte e começo de todo o bem; o Filho, eternamente gerado do Pai, o qual, cumprida a plenitude do tempo, se manifestou em carne ao mundo, sendo concebido do Santo Espírito, nasceu da virgem Maria, feito sob a lei para resgatar os que sob ela estavam, a fim de que recebêssemos a adoção de próprios filhos; o Santo Espírito, procedente do Pai e do Filho, mestre de toda a verdade, falando pela boca dos profetas, sugerindo as coisas que foram ditas por nosso Senhor Jesus Cristo aos apóstolos. Este é o único Consolador em aflição, dando constância e perseverança em todo bem. Cremos que é mister somente adorar e perfeitamente amar, rogar e invocar a majestade de Deus em fé ou particularmente.

II. Adorando nosso Senhor Jesus Cristo, não separamos uma natureza da outra, confessando as duas naturezas, a saber, divina e humana nele inseparáveis.

III. Cremos, quanto ao Filho de Deus e ao Santo Espírito, o que a Palavra de Deus e a doutrina apostólica, e o símbolo,[3] [29]nos ensinam.

IV. Cremos que nosso Senhor Jesus Cristo virá julgar os vivos e os mortos, em forma visível e humana como subiu ao céu, executando tal juízo na forma em que nos predisse no capítulo vinte e cinco de Mateus, tendo todo o poder de julgar, a Ele dado pelo Pai, sendo homem. E, quanto ao que dizemos em nossas orações, que o Pai aparecerá enfim na pessoa do Filho, entendemos por isso que o poder do Pai, dado ao Filho, será manifestado no dito juízo, não todavia que queiramos confundir as pessoas, sabendo que elas são realmente distintas uma da outra.
V. Cremos que no santíssimo sacramento da ceia, com as figuras corporais do pão e do vinho, as almas fiéis são realmente e de fato alimentadas com a própria substância do nosso Senhor Jesus, como nossos corpos são alimentados de alimentos, e assim não entendemos dizer que o pão e o vinho sejam transformados ou transubstanciados no seu corpo, porque o pão continua em sua natureza e substância, semelhantemente ao vinho, e não há mudança ou alteração. Distinguimos todavia este pão e vinho do outro pão que é dedicado ao uso comum, sendo que este nos é um sinal sacramental, sob o qual a verdade é infalivelmente recebida. Ora, esta recepção não se faz senão por meio da fé e nela não convém imaginar nada de carnal, nem preparar os dentes para comer, como santo Agostinho nos ensina, dizendo: “Porque preparas tu os dentes e o ventre? Crê, e tu o comeste.” O sinal, pois, nem nos dá a verdade, nem a coisa significada; mas Nosso Senhor Jesus Cristo, por seu poder, virtude e bondade, alimenta e preserva nossas almas, e as faz participantes da sua carne, e de seu sangue, e de todos os seus benefícios. Vejamos a interpretação das palavras de Jesus Cristo: “Este pão é meu corpo.” Tertuliano, no livro quarto contra Marcião, explica estas palavras assim: “este é o sinal e a figura do meu corpo.” S. Agostinho diz: “O Senhor não evitou dizer: — Este é o meu corpo, quando dava apenas o sinal de seu corpo.” Portanto (como é ordenado no primeiro cânon do Concílio de Nicéia), neste santo sacramento não devemos imaginar nada de carnal e nem nos distrair no pão e no vinho, que nos são neles propostos por sinais, mas levantar nossos espíritos ao céu para contemplar pela fé o Filho de Deus, nosso Senhor Jesus, sentado à destra de Deus, seu Pai. Neste sentido podíamos jurar o artigo da Ascensão, com muitas outras sentenças de Santo Agostinho, que omitimos, temendo ser longas.

VI. Cremos que, se fosse necessário pôr água no vinho, os evangelistas e São Paulo não teriam omitido uma coisa de tão grande conseqüência. E quanto ao que os doutores antigos têm observado (fundamentando-se sobre o sangue misturado com água que saiu do lado de Jesus Cristo, desde que tal observância não tem fundamento na Palavra de Deus, visto mesmo que depois da instituição da Santa Ceia isso aconteceu), nós não podemos hoje admitir necessariamente.

VII. Cremos que não há outra consagração senão a que se faz pelo ministro, quando se celebra a ceia, recitando o ministro ao povo, em linguagem conhecida, a instituição desta ceia literalmente, segundo a forma que nosso Senhor Jesus Cristo nos prescreveu, admoestando o povo quanto à morte e paixão do nosso Senhor. E mesmo, como diz santo Agostinho, a consagração é a palavra de fé que é pregada e recebida em fé. Pelo que, segue-se que as palavras secretamente pronunciadas sobre os sinais não podem ser a consagração como aparece da instituição que nosso Senhor Jesus Cristo deixou aos seus apóstolos, dirigindo suas palavras aos seus discípulos presentes, aos quais ordenou tomar e comer.

VIII. O santo sacramento da ceia não é alimento para o corpo como para as almas (porque nós não imaginamos nada de carnal, como declaramos no artigo quinto) recebendo-o por fé, a qual não é carnal.

IX. Cremos que o batismo é sacramento de penitência, e como uma entrada na igreja de Deus, para sermos incorporados em Jesus Cristo. Representa-nos a remissão de nossos pecados passados e futuros, a qual é adquirida plenamente, só pela morte de nosso Senhor Jesus. De mais, a mortificação de nossa carne aí nos é representada, e a lavagem, representada pela água lançada sobre a criança, é sinal e selo do sangue de nosso Senhor Jesus, que é a verdadeira purificação de nossas almas. A sua instituição nos é ensinada na Palavra de Deus, a qual os santos apóstolos observaram, usando de água em nome do Pai, do Filho e do Santo Espírito. Quanto aos exorcismos, abjurações de Satanás, crisma, saliva e sal, nós os registramos como tradições dos homens, contentando-nos só com a forma e instituição deixada por nosso Senhor Jesus.

X. Quanto ao livre arbítrio, cremos que, se o primeiro homem, criado à imagem de Deus, teve liberdade e vontade, tanto para bem como para mal, só ele conheceu o que era livre arbítrio, estando em sua integridade. Ora, ele nem apenas guardou este dom de Deus, assim como dele foi privado por seu pecado, e todos os que descendem dele, de sorte que nenhum da semente de Adão tem uma centelha do bem. Por esta causa, diz São Paulo, o homem natural não entende as coisas que são de Deus. E Oséias clama aos filho de Israel: “Tua perdição é de ti, ó Israel.” Ora isto entendemos do homem que não é regenerado pelo Santo Espírito. Quanto ao homem cristão, batizado no sangue de Jesus Cristo, o qual caminha em novidade de vida, nosso Senhor Jesus Cristo restitui nele o livre arbítrio, e reforma a vontade para todas as boas obras, não todavia em perfeição, porque a execução de boa vontade não está em seu poder, mas vem de Deus, como amplamente este santo apóstolo declara, no sétimo capítulo aos Romanos, dizendo: “Tenho o querer, mas em mim não acho o realizar.” O homem predestinado para a vida eterna, embora peque por fragilidade humana, todavia não pode cair em impenitência. A este propósito, S. João diz que ele não peca, porque a eleição permanece nele.

XI. Cremos que pertence só à Palavra de Deus perdoar os pecados, da qual, como diz santo Ambrósio, o homem é apenas o ministro; portanto, se ele condena ou absolve, não é ele, mas a Palavra de Deus que ele anuncia. Santo Agostinho, neste lugar diz que não é pelo mérito dos homens que os pecados são perdoados, mas pela virtude do Santo Espírito. Porque o Senhor dissera aos seus apóstolos: “recebei o Santo Espírito;” depois acrescenta: “Se perdoardes a alguém os seus pecados,” etc. Cipriano diz que o servo não pode perdoar a ofensa contra o Senhor.

XII. Quanto à imposição das mãos, essa serviu em seu tempo, e não há necessidade de conservá-la agora, porque pela imposição das mãos não se pode dar o Santo Espírito, porquanto isto só a Deus pertence. No tocante à ordem eclesiástica, cremos no que S. Paulo dela escreveu na primeira epístola a Timóteo, e em outros lugares.

XIII. A separação entre o homem e a mulher legitimamente unidos por casamento não se pode fazer senão por causa de adultério, como nosso Senhor ensina (Mateus 19:5). E não somente se pode fazer a separação por essa causa, mas também, bem examinada a causa perante o magistrado, a parte não culpada, se não podendo conter-se, deve casar-se, como São Ambrósio diz sobre o capítulo sete da Primeira Epístola aos Coríntios. O magistrado, todavia, deve nisso proceder com madureza de conselho.

XIV. São Paulo, ensinando que o bispo deve ser marido de uma só mulher, não diz que não lhe seja lícito tornar a casar, mas o santo apóstolo condena a bigamia a que os homens daqueles tempos eram muito afeitos; todavia, nisso deixamos o julgamento aos mais versados nas Santas
Escrituras, não se fundando a nossa fé sobre esse ponto.

XV. Não é lícito votar a Deus, senão o que ele aprova. Ora, é assim que os votos monásticos só tendem à corrupção do verdadeiro serviço de Deus. É também grande temeridade e presunção do homem fazer votos além da medida de sua vocação, visto que a santa Escritura nos ensina que a continência é um dom especial (Mateus 15 e 1 Coríntios 7). Portanto, segue-se que os que se impõem esta necessidade, renunciando ao matrimônio toda a sua vida, não podem ser desculpados de extrema temeridade e confiança excessiva e insolente em si mesmos. E por este meio tentam a Deus, visto que o dom da continência é em alguns apenas temporal, e o que o teve por algum tempo não o terá pelo resto da vida. Por isso, pois, os monges, padres e outros tais que se obrigam e prometem viver em castidade, tentam contra Deus, por isso que não está neles o cumprir o que prometem. São Cipriano, no capítulo onze, diz assim: “Se as virgens se dedicam de boa vontade a Cristo, perseverem em castidade sem defeito; sendo assim fortes e constantes, esperem o galardão preparado para a sua virgindade; se não querem ou não podem perseverar nos votos, é melhor que se casem do que serem precipitadas no fogo da lascívia por seus prazeres e delícias.” Quanto à passagem do apóstolo S. Paulo, é verdade que as viúvas tomadas para servir à igreja, se submetiam a não mais casar, enquanto estivessem sujeitas ao dito cargo, não que por isso se lhes reputasse ou atribuísse alguma santidade, mas porque não podiam bem desempenhar os deveres, sendo casadas; e, querendo casar, renunciassem à vocação para a qual Deus as tinha chamado, contudo que cumprissem as promessas feitas na igreja, sem violar a promessa feita no batismo, na qual está contido este ponto: “Que cada um deve servir a Deus na vocação em que foi chamado.” As viúvas, pois, não faziam voto de continência, senão porque o casamento não convinha ao ofício para que se apresentavam, e não tinha outra consideração que cumpri-lo. Não eram tão constrangidas que não lhes fosse antes permitido casar que se abrasar e cair em alguma infâmia ou desonestidade. Mas, para evitar tal inconveniência, o apóstolo São Paulo, no capítulo citado, proíbe que sejam recebidas para fazer tais votos sem que tenham a idade de sessenta anos, que é uma idade normalmente fora da incontinência. Acrescenta que os eleitos só devem ter sido casados uma vez, a fim de que por essa forma, tenham já uma aprovação de continência.

XVI. Cremos que Jesus Cristo é o nosso único Mediador, intercessor e advogado, pelo qual temos acesso ao Pai, e que, justificados no seu sangue, seremos livres da morte, e por ele já reconciliados teremos plena vitória contra a morte. Quanto aos santos mortos, dizemos que desejam a nossa salvação e o cumprimento do Reino de Deus, e que o número dos eleitos se complete; todavia, não nos devemos dirigir a eles como intercessores para obterem alguma coisa, porque desobedeceríamos o mandamento de Deus. Quanto a nós, ainda vivos, enquanto estamos unidos como membros de um corpo, devemos orar uns pelos outros, como nos ensinam muitas passagens das Santas Escrituras.

XVII. Quanto aos mortos, São Paulo, na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, no capítulo quatro, nos proíbe entristecer-nos por eles, porque isto convém aos pagãos, que não têm esperança alguma de ressuscitar. O apóstolo não manda e nem ensina orar por eles, o que não teria esquecido se fosse conveniente. S. Agostinho, sobre o Salmo 48, diz que os espíritos dos mortos recebem conforme o que tiverem feito durante a vida; que se nada fizeram, estando vivos, nada recebem, estando mortos. Esta é a resposta que damos aos artigos por vós enviados, segundo a medida e porção da fé, que Deus nos deu, suplicando que lhe praza fazer que em nós não seja morta, antes produza frutos dignos de seus filhos, e assim, fazendo-nos crescer e perseverar nela, lhe rendamos graças e louvores para sempre. Assim seja.
Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André la Fon.

Após dez anos João Bolés , conhecido como Jacques le Balleur. – o quinto calvinista – que havia fugido foi encontrado pelo Padre Anchieta e executado pelo mesmo[30]. E Mem de Sá e Estácio de Sá conquistaram o forte Coligny, e assim, o calvinismo foi sufocado no Brasil. Villegaignon ficou conhecido na Europa como o Caim das Américas, pois, havia traído os propósitos calvinistas.[31]
[1] MACEDO, Dr. Joaquim Manoel de. Lições de História do Brazil - Para uso de escolas de Instrução primária, Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1922, p.83.
[2] Idem.
[3] Somos informados que o nome desta embarcação era Nossa Senhora da Ajuda – Provavelmente a mesma que veio com Tomé de Sousa - , nesta embarcação havia uma centena de pessoas: Antônio Cardoso de Barros, Lázaro Ferreira, Francisco Mendes da Costa – este veio com o primeiro Governador para ser escrivão dos colonizadores era auxiliar de Antônio Cardoso; Sebastião Ferreira que ia como procurador da cidade, a sogra de Rodrigo de Freitas – este era oficial do Rei que veio com Tomé de Sousa para o Brasil é digno de note que após ficar viúvo ele se tornou um Jesuíta; a esposa de Brás Fernandes, este era escrivão da chancelaria vindo com Tomé de Sousa; o pai de Brás Fernandes Antônio Pinheiro é bom lembrar que este era Capelão da Santa Sé do Brasil colonial, ele era também escrivão da provedoria; também estava aborda a “velha que veio com as órfãs” que chamava-se Maria Dias e o Capitão Lloas e havia o Deão que chamava-se Fernão Pires. (CALMON, Pedro. História do Brasil, Volume 1, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959, p.265)
[4]CALMON, Pedro. História do Brasil, Volume 1, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959, p.265-266.
[5] VICENTE, Frei. História do Brasil, São Paulo: Saraiva, 1930, p.158.
[6] MACEDO, Dr. Joaquim Manoel de. Lições de História do Brazil - Para uso de escolas de Instrução primária, Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1922, p.84.
[7] CALMON, Pedro. História do Brasil, Volume 1, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959, p.267.
[8] MACEDO, Dr. Joaquim Manoel de. Lições de História do Brazil - Para uso de escolas de Instrução primária, Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1922, p.83.
[9] Povo indígena da tribo dos Tupis
[10] CALMON, Pedro. História do Brasil, Volume 1, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959, p.267.
[11] HACK, Osvaldo Henrique. Protestantismo e Educação Brasileira, São Paulo: Cultura Cristã, 2000, p.13.
[12] CALMON, Pedro. História do Brasil, Volume 1, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959, p.267.
[13] NOGUEIRA, A.F. Alves. Villegaignon, Rio de Janeiro: Brasiliense: 1944, p.10.
[14] Villegaignon é autor de livro que retrata este período o título do livro é : Carlos V e a Expedição Imperiosa na África. (CALMON, Op. Cit, p.269).
[15] BRAIBANT, Charles. França no Brasil, Rio de Janeiro: Liv. José Olympio Editora, 1955, p.11.
[16] Ibid, p.10.
[17] SCHALKWIJK, Frans Leonard. O Brasil na Correspondência de Calvino, In: Fides Reformata, Volume IX, número 1, ano 2004, p.102.
[18] RIBEIRO, Domingos. Oringens do Evangelismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Gráfica Apollo, 1937, pp.34-35
[19] ROCHA POMBO, José Francisco. História do Brasil. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1963, p.92.
[20] CALMON, Pedro. História do Brasil, Volume 1, Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1959, p.269.
[21] MACEDO, Dr. Joaquim Manoel de. Lições de História do Brazil - Para uso de escolas de Instrução primária, Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1922, p.87.
[22] Ibid, p.91.
[23] Ibid, p.92.
[24] CRISPIN, Jean. A Tragédia da Guanabara, Rio de Janeiro: http://www.adoração.com/ , 1917, p.11
[25] Idem.
[26] Ibid, p.29.
[27] O relato da história dos mártires huguenotes no Brasil, bem como a Confissão de Fé que escreveram, encontra-se no livro A Tragédia da Guanabara: História dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, traduzido por Domingos Ribeiro; de um capítulo intitulado On the Church of the Believers in the Country of Brazil, part of Austral America: Its Affliction and Dispersion, do livro de Jean Crespin: l’ Histoire des Martyres, originalmente publicado em 1564. Este livro, por sua vez, é uma tradução de um pequeno livro: Histoire des choses mémorables survenues en le terre de Brésil, partie de l’ Amérique australe, sous le governement de N. de Villegaignon, depuis l’ an 1558, publicado em 1561, cuja autoria é atribuída a Jean Lery, um dos huguenotes que vieram para o Brasil em 1557, o qual também publicou outro livro sobre sua viagem ao Brasil: Histoire d’an voyage fait en la terre du Brésil.
[28] O texto foi transcrito de Jean Crespin, A Tragédia da Guanabara; História dos Protomartyres do Christianismo no Brasil, 65-71. O português antigo de Domingos Ribeiro (o tradutor) foi atualizado.

[29] Uma referência ao Credo Apostólico.

[30] ROCHA POMBO, José Francisco. História do Brasil. São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1963, p.514
[31] MACEDO, Dr. Joaquim Manoel de. Lições de História do Brazil - Para uso de escolas de Instrução primária, Rio de Janeiro: Livraria Garnier, 1922, p.92.