ESTUDANDO A PALAVRA

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domingo, 23 de outubro de 2011

A REFORMA RADICAL - APONTAMENTOS HISTÓRICOS E DOUTRINÁRIOS.

INTRODUÇÃO 
            A  história da Igreja tem cativado muitos crentes em Cristo Jesus. A história tem um valor inigualável, ela retrata, isto no caso da história eclesiástica, as raízes da fé cristã e de seu desenvolvimento. Estudar história é algo proveitoso, especialmente quando a mesma se concentra na questão da chamada Reforma Protestante.
            Por que somo interessados nesta questão? Acreditamos que a razão pela qual estamos interessados neste período, chamado de período da Reforma Protestante, seja aquilo que disse um grande erudito em  história da Reforma: “Os cristãos nutrem um interesse especial pela história, porque os fundamentos da sua fé estão firmados na história”.[1] A fé cristão não é uma religião sem fatos, sem dados ou mesmo sem subsídios, antes  a fé dos crestes é histórica, bíblica e fiel aos símbolos da Igreja
            A grande dificuldade  da Igreja hoje é que  muitas denominações negligenciam as próprias origens, e assim, ignoram a história da Igreja; e a crise teológica é resultante desta alienação histórica.
            O nosso trabalho visa abordar a questão da Reforma Radical, embora seja algo muito simples, todavia tem como finalidade ser uma introdução ao assunto. Aqui buscamos apresentar os pontos históricos e teológicos de modos paralelos, com o objetivo de evitar aquilo que pondera o dr. Berkhof quando nos chama atenção para o seguinte fato: “O estudo da verdade doutrinária, à parte de seu fundo histórico , leva a uma teologia truncada.  Já houve muito disso no passado, e no presente muito se vê tal coisa. O resultado  tem sido uma compreensão errônea e uma avaliação  incorreta da verdade”.[2] Quando negligenciamos o princípio de que a história cristã  deve ser avaliada com a teologia,  formamos cubículos religiosos e nos tornamos preconceitosos quanto a um determinado movimento religioso.
            A nossa  avaliação histórica  do movimento religioso denominado de A Reforma Radical é ainda muito pequena em relação ao grande movimento que a Reforma Radical significou. Pois a visão ofuscada que ainda temos do movimento nos deixa próximos  dele e distantes ao mesmo tempo; nos deixa  próximos porque, quanto ao movimento, somos sectários denominado-o de herético. E estamos longe do movimento no que tange as doutrinas que eram caracteristicamente contrárias aos dogmas tradicionais das Igrejas cristãs  no período da Reforma Protestante.
            Podemos dizer que a Reforma Radical foi um movimento onde os crentes da Reforma experimentaram duas realidades: Primeiro conheceram bem de perto que queria dizer as palavras de Paulo “a tribulação produz perseverança”; e, em  segundo lugar, entenderam que a visão reformada das coisas era questionável.
            Usando as palavras de um eruditos podemos dizer que radicais entendiam que “o ardor  de suas controvérsias se explica sobretudo, pelo desejo intenso de servir à verdade”.[3] Disto nós trataremos mais adiante, o que queremos dizer a nível de introdução  é o que o movimento radical da Reforma não foi algo satânico, como muitos eruditos têm proposto, pois, tal perspectiva tem fechado  a nossa visão sobre o real sentido e significado do movimento. Consideramos o movimento equivocado em muitos pontos, como alguns reformadores também foram; este equivoco deve ser visto como o Dr. Martyn Lloyd-Jones o coloca sabiamente : “Os hereges não foram homens desonestos; foram homens equivocados. Não deveríamos pensar que eles foram homens que deliberadamente quiseram errar e ensinar erros; pois, eles têm sido alguns dos mais sinceros elementos que a Igreja tem conhecido”.[4] Este tem sido o nosso pensamento quanto à Reforma  Radical, também queremos fazer digno de nota que não tencionamos defender tal movimento como verdadeiramente cristão, e por diversas razões que explicaremos mais adiante.
            Outro propósito que temos em mente com a elaboração deste trabalho é que existe valores práticos no movimento da Reforma Radical que podemos aplicar à vida atual da Igreja de Cristo em nossos dias. E acreditamos que se negligenciarmos estes valores práticos, e assim, a Reforma Radical fica sem propósito e significado.
            Reconhecemos  a grande dificuldade que temos diante de nós ao tratarmos deste tão polêmico movimento; primeiro, porque o movimento é tão controvertido que não se pode determinar, com precisão, uma homogeneidade de pensamento doutrinário buscamos determinar  em linhas gerais o posicionamento  doutrinário e teológico sobre aspectos comuns e claros nas igrejas protestantes , e buscamos, nestes termos gerais  entender o fundamento teológico  o fundamento para tais ensinamentos da Reforma Radical.
            Outra razão, que encontramos para tamanha dificuldade reside no ponto de vista no qual muitos  de nós nos encontramos  quanto ao movimento. Ou seja, vemos a Reforma Radical como sendo um desvio completo da verdadeira Reforma. E assim, os compêndios de história suprimem este importante movimento na abordagem histórica.
            Uma terceira razão que encontramos como dificuldade para uma avaliação adequada da Reforma Radical. Está no fato de que somos ensinados que a atitude dos reformadores quanto ao movimento foi extremada – especialmente quando o assunto era o rebatismo.
            Diante do que já expomos passaremos agora a mostrar a ordem como foi elaborado o nosso trabalho.
            Primeiramente, buscaremos  mostrar a origem do movimento da Reforma Radical, neste aspecto analisaremos as diversas ramificações do movimento. Isso é basilar porque a Reforma Radical é característica pela sua diversidade.
            Em segundo lugar, buscaremos mostrara visão teológica da Reforma Radical, ainda que tal tarefa seja muito difícil, pois, como já afirmamos, não havia uma unidade de doutrina entre eles.
            A terceira abordagem que buscaremos fazer no trabalho é concernente a visão eclesiástica do movimento. Como os Radicais entendiam a natureza da Igreja? Qual a forma de governo da Igreja? Esta é uma das perguntas que buscaremos fazer em nosso trabalho.
            Em quanto lugar, abordaremos a questão de que os Radicais podem nos ensinar  algumas coisas em nossas vidas práticas. A Reforma foi um movimento muito grande, mas o movimento dos Radicais foi trazido com muita ênfase[5]; diante disso compreendemos que o Senhor da história trouxe esse movimento para realizar duas coisas principais, primeiro, nos tornar precisos em nossa reflexão religiosas e teológicas, como também nos ensinar que precisamos perseverar por doutrinas oriundas das Escrituras, sabemos que o movimento da Reforma Radical perseverou por doutrinas equivocadas, como nós as consideramos, tais doutrinas  eram corretas para os radicais religiosos.
            Esperamos que este trabalho esclareça algumas coisas que ainda estão foscas devido a muitas dificuldades que já mencionamos nesta introdução; e que Deus use estas páginas para dar ao seu povo uma visão melhor sobre o movimento da Reforma Radical que é tão negligenciada nos livros de história eclesiástica.
                                                                                                          João Ricardo Ferreira de França.



[1] CAIRNES, Earle E. O Cristianismo Através dos Seéculos, São Paulo: Vida Nova,1988, p.13.
[2] BERKHOF, Louis. A História das Doutrinas Cristãs, São Paulo: PES, 1992, p. 5.
[3] STROHL, Henri. O Pensamento da Reforma, p.11., São Paulo: Aste, 1989.
[4] LLOYD-JONES, David  Martyn. Estudos no Sermão do Monte, São Paulo: PES, 1989.
[5] O termo ênfase aplicada em nosso trabalho refere-se às particularidades do movimento da Reforma Radical em não pertencer a ala protestante e nem católica, e muito menos tornar-se uma denominação estatal.

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